
DESAFIOS DA PARENTALIDADE NO CICLO DE VIDA FAMILIAR
30 de dezembro de 2024CHALLENGES OF PARENTHOOD IN THE FAMILY LIFE CYCLE
Artigo submetido em 25 de novembro de 2024
Artigo aprovado em 30 de novembro de 2024
Artigo publicado em 30 de dezembro de 2024
Cognitio Juris Volume 14 – Número 57 – Dezembro de 2024 ISSN 2236-3009 |
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Autor(es): Gabriella Martineli Pereira de Oliveira[1] Letícia Milhomem Marinho[2] Adrielly Martins Porto Netto[3] |
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Resumo: O presente artigo aborda a relação entre o ciclo vital e a criação de filhos pequenos, destacando as dificuldades enfrentadas pelos pais na fase de transição para a parentalidade. Utilizando as teorias de Carter e McGoldrick sobre as fases do ciclo de vida familiar, com foco na fase “Famílias com filhos pequenos,” e as contribuições de Cerveny e Berthoud sobre a “fase de aquisição,” este estudo examina como essas transições afetam o sistema familiar. Também são explorados os estilos parentais e a crescente adoção da educação respeitosa, uma prática que considera o desenvolvimento cognitivo e emocional das crianças. Ao integrar esses fundamentos teóricos, o artigo busca compreender as dificuldades vivenciadas pelos pais, sugerindo práticas que promovam um ambiente emocionalmente saudável e favorável ao desenvolvimento infantil. O estudo reforça a importância da parentalidade consciente e da construção de vínculos seguros entre pais e filhos.
Palavras-chave: ciclo vital; educação respeitosa; filhos pequenos; parentalidade; vínculo parental.
Abstract: The present article addresses the relationship between the family life cycle and raising young children, highlighting the challenges faced by parents during the transition to parenthood. Drawing on Carter and McGoldrick’s theories on the stages of the family life cycle, with a focus on the “Families with Young Children” phase, as well as contributions from Cerveny and Berthoud on the “acquisition phase,” this study examines how these transitions impact the family system. It also explores parenting styles and the growing adoption of respectful parenting, an approach that considers children’s cognitive and emotional development. By integrating these theoretical foundations, the article seeks to understand the difficulties parents experience and suggests practices that foster an emotionally healthy environment conducive to child development. The study emphasizes the importance of mindful parenting and building secure attachments between parents and children.
Keywords: life cycle; parenting; young children; respectful parenting; parental bon.
1 INTRODUÇÃO
A criação de filhos pequenos é uma fase do ciclo vital da família, caracterizada por transições e adaptações que afetam os pais e as crianças. Esse período, denominado por Carter e McGoldrick (1995) como a fase “Família com filhos pequenos,” exige mudanças estruturais e emocionais dentro do sistema familiar. Sob a ótica da abordagem sistêmica, as relações entre os membros da família, incluindo os avós (família de origem), tornam-se fundamentais, pois os papéis são redefinidos, gerando potenciais crises de adaptação.
O ciclo vital, conforme apresentado por Carter e McGoldrick (1995), estabelece uma estrutura de análise sobre como as famílias passam por diferentes fases e transições ao longo do tempo. Na fase de “Família com filhos pequenos,” a adaptação dos pais envolve o aspecto emocional e a reorganização de papéis e responsabilidades dentro do sistema familiar, uma vez que o casal passa a lidar com novas demandas e desafios práticos de organização familiar, financeira e doméstica (Carter; McGoldrick, 1995). Em continuidade, a fase de “aquisição,” termo utilizado por Cerveny e Berthoud (1997), reforça a necessidade de maturidade e flexibilidade dos pais, que devem equilibrar as exigências do novo núcleo familiar, sem perder de vista suas identidades individuais (Cerveny; Berthoud,1997).
A abordagem sistêmica, que entende a família como um sistema interdependente, sugere que, quando um membro não está equilibrado[4], o sistema como um todo é afetado. Essas crises podem levar ao desequilíbrio ou à perturbação da homeostase familiar[5], que é a busca de um estado estável dentro do sistema. Dentro desse contexto, é importante destacar conceitos como triangulação[6], proposto por Bowen (1979), que descreve a dinâmica de dois membros da família que se aproximam e afastam outro, criando tensão e complicações nas interações familiares (Oliveira, 2022).
Outro conceito relevante é a diferenciação do self, que se refere à habilidade dos novos pais de separar suas próprias expectativas e emoções das experiências não resolvidas de sua própria criação, permitindo-lhes formar uma identidade parental mais saudável (Oliveira, 2022). A educação respeitosa, conforme proposta por Maya Eigenmann (2022), que vem ganhando força nos últimos anos, promove o respeito à maturidade cognitiva das crianças, auxiliando na criação de vínculos mais fortes e saudáveis entre pais e filhos. Essa prática fortalece os laços familiares, como também favorece o desenvolvimento emocional e cognitivo da criança (Eigenmann, 2022).
Diante disso, o presente estudo busca explorar como esses conceitos influenciam o desenvolvimento da parentalidade e as relações familiares na fase de criação de filhos pequenos, propondo práticas que contribuam para um ambiente emocionalmente estável e propício ao desenvolvimento infantil. Além de Carter e McGoldrick, e Cerveny e Berthoud, este trabalho também se baseia em autores que investigam os estilos parentais e a importância da educação respeitosa no desenvolvimento saudável das crianças.
1.1CICLO VITAL DA FAMÍLIA E A FASE DE AQUISIÇÃO
O estudo do ciclo vital mostra que todas as famílias passam por fases e transições, ainda que com variações de acordo com suas realidades. De modo geral, a maioria enfrenta desafios e aprende com as mudanças que surgem. Segundo Carter e McGoldrick (1995) a família é um sistema que busca manter um estado de equilíbrio (homeostase), mas que de tempos em tempos é afetada por estressores que provocam mudanças e desconfortos. Isso leva os membros a buscarem um novo equilíbrio.
A fase do ciclo vital estudada é chamada por Carter e McGoldrick (1995) de “Família com filhos pequenos”. Nessa fase, o principal desafio é a aceitação de novos membros no sistema familiar. O casal precisa se ajustar às novas demandas, incluindo a educação dos filhos, a divisão das tarefas domésticas e financeiras, além de redefinir seu relacionamento com a família ampliada (avós), para que todos compreendam seus novos papéis (Carter; McGoldrick, 1995; Silveira, 2022).
Em consonância com os estudos das autoras supracitadas, Cerveny e Berthoud (2010) realizaram uma pesquisa, trazendo a teoria do ciclo vital da família para a realizada brasileira, e chamaram essa etapa de “fase de aquisição”, que é marcada pela criação de uma nova configuração familiar. Nessa fase, o casal adquire novas responsabilidades emocionais, materiais e psicológicas. A adaptação exige flexibilidade e autoconhecimento, permitindo que os pais reconheçam seus limites sem comprometer seus valores essenciais (Cerveny; Berthoud, 2010; Bueno, 2017).
Carter e McGoldrick (1995) afirmam que os problemas comuns dessa fase surgem da dificuldade dos pais em assumir suas novas responsabilidades, seja por falta de capacidade ou por recusa. Muitas vezes, a divisão das tarefas domésticas e o cuidado com os filhos se tornam caóticos, o que pode levar à negligência das crianças e a problemas como disfunção sexual e depressão entre os pais (Carter; McGoldrick, 1995; Silveira, 2022).
É comum que o casal se sinta sobrecarregado, tentando equilibrar as novas responsabilidades com as antigas. A dependência de uma criança limita o tempo disponível para atividades individuais e pode levar os pais a abrir mão de partes importantes da rotina, como refeições ou momentos de lazer, para cumprir suas obrigações (Silveira, 2022).
As autoras brasileiras também discutem as expectativas que o casal tem ao se casar e como esses ideais podem, muitas vezes, levar ao fracasso do casamento, pois os indivíduos temem perder suas identidades, assim como perderam em suas famílias de origem (Cerveny; Berthoud, 1997; Bueno, 2017). Relacionando isso com a teoria de Bowen (1979) sobre diferenciação, a capacidade de separar o individual do casal e das famílias de origem é fundamental para o amadurecimento emocional. Essa diferenciação permite que o indivíduo se conheça melhor, equilibrando emoção e razão, intimidade e autonomia nas relações (Bowen, 1979; Otto, 2020).
Cerveny (1997) ainda argumenta que a vida de uma criança não começa no nascimento, mas sim na infância dos pais e avós, pois ela observa o comportamento deles. Esse ciclo, chamado de transgeracionalidade, forma padrões que só podem ser quebrados quando alguém toma consciência e decide agir de maneira diferente do que lhe foi ensinado. O nascimento de um filho é visto como uma crise, embora também seja uma fase de transição. Ela exige dos pais maturidade e habilidades que muitas vezes não possuem inicialmente, mas que podem ser desenvolvidas ao longo do tempo. No entanto, o autor alerta que muitos pais hoje não estão preparados para esse papel, pois não conseguem definir suas funções parentais com clareza, sabendo apenas o que não querem ser ou fazer (Cerveny; Berthoud, 1997; Bueno, 2017).
Atualmente, os pais vivem sob grande pressão, tanto por parte da sociedade quanto de suas famílias, e precisam equilibrar múltiplas funções. As antigas formas rígidas de parentalidade foram criticadas e substituídas por novas abordagens, mas ainda se sabe pouco sobre a melhor maneira de criar filhos, com o objetivo de minimizar traumas infantis (Marques, 2015).
A importância de se relacionar a teoria do ciclo vital com a criação dos filhos está na compreensão dos desafios enfrentados pelos pais e nas melhores formas de lidar com eles. É essencial respeitar o desenvolvimento cognitivo das crianças, que dependem profundamente dos pais para criar laços afetivos e aprender a amar a si mesmas e aos outros (Marques, 2015).
O desenvolvimento infantil não segue uma fórmula simples. Ele exige flexibilidade constante por parte dos pais, que devem promover a independência e autonomia da criança à medida que ela cresce. As regras que funcionaram no início precisam ser adaptadas, e é importante estabelecer limites claros e valores familiares que transmitam segurança e estabilidade à criança, para que ela se sinta confiante em explorar o mundo ao seu redor e suas novas relações, como a entrada na escola (Souza; Veríssimo, 2015).
1.2 ESTRUTURA FAMILIAR
A estrutura familiar refere-se à organização do funcionamento e ao papel que cada membro desempenha dentro da família, formando um sistema interdependente. Essa organização envolve tanto as funções atribuídas a cada membro quanto as dinâmicas de relacionamento que emergem dessa convivência. Ao longo do ciclo vital, essa estrutura é constantemente desafiada por transições e crises, como o nascimento de filhos, que exigem uma reorganização dos papéis e responsabilidades (Fabris et al., 2023).
Dentro da abordagem sistêmica, a família é vista como um sistema relacional, em que o comportamento de um membro afeta diretamente os demais. Quando um dos membros do sistema familiar enfrenta dificuldades, como a incapacidade de assumir novos papéis ou lidar com responsabilidades, o equilíbrio (homeostase) da família é perturbado. Isso pode gerar uma série de desajustes que afetam tanto a dinâmica entre os pais quanto o desenvolvimento das crianças (Fabris et al., 2023).
Outro fator que interfere na estrutura familiar é a diferenciação do self, conceito desenvolvido por Bowen (1979). A diferenciação envolve a capacidade dos indivíduos, especialmente dos novos pais, de separarem suas próprias emoções e expectativas das influências recebidas de suas famílias de origem. Essa diferenciação é importante para que os pais possam definir seu próprio estilo parental e formar uma estrutura familiar saudável, sem reproduzir padrões disfuncionais do passado (Bowen,1979; Otto, 2020).
A estrutura familiar também é impactada pela triangulação, outro conceito de Bowen (1979). A triangulação ocorre quando dois membros da família se unem para excluir ou distanciar um terceiro membro, criando tensões e conflitos. Essa dinâmica pode ser prejudicial, especialmente em momentos de crise, como a fase de adaptação à parentalidade, em que o casal já enfrenta sobrecarga emocional e desafios no equilíbrio das novas responsabilidades (Bowen,1979; Cacciacarro; Macedo, 2018).
Por fim, é importante destacar que a estrutura familiar contemporânea não é rígida, como no passado, mas sim flexível e em constante transformação. A organização dos papéis e a dinâmica entre os membros podem variar de acordo com as necessidades e circunstâncias da família. A parentalidade, que antes era vista de forma mais hierárquica, hoje requer um maior compartilhamento de responsabilidades entre os pais, com foco no bem-estar emocional da criança e na criação de vínculos afetivos seguros (Percicotte, 2024).
Salvador Minuchin (1970), na obra Terapia Estrutural Familiar, destaca que a organização da família, os subsistemas, como o casal, pais e filhos, e as fronteiras entre eles são imprescindíveis para o funcionamento saudável do sistema familiar. Ele acredita que entre os membros da família as fronteiras clara e flexível facilita a resolução de conflitos e cria um ambiente seguro para o desenvolvimento das crianças, enfatizando que uma falta de clareza, ou emaranhamento, pode gerar disfuncionalidade (Minuchin, 1970; Silva; Percicotte, 2024).
1.3 RELAÇÕES PAIS E FILHOS – VÍNCULO
O ciclo vital familiar atua na formação do vínculo entre pais e filhos, uma vez que o ambiente preparado para a chegada de novos membros do sistema familiar pode determinar a qualidade dessas relações. A capacidade dos pais de se diferenciarem da família de origem é importante para evitar a transmissão de traumas e padrões disfuncionais de uma geração para a outra. Pais que conseguem se libertar de questões não resolvidas têm mais chances de formar um vínculo saudável com seus filhos, baseado em amor e respeito (Böing, Crepaldi, 2016).
O vínculo estabelecido entre pais e filhos é fundamental para o desenvolvimento emocional da criança. É a partir desse vínculo que o bebê começa a construir suas primeiras referências sobre o que significa amar e ser amado. Um vínculo seguro possibilita à criança desenvolver autonomia e independência, o que a ajuda a lidar melhor com suas relações futuras. Um apego seguro, formado durante os primeiros anos de vida, serve de base para que a criança enfrente novas experiências, como a adaptação ao ambiente escolar, com mais confiança e facilidade. Quando os vínculos são fortes, as regras e limites se tornam mais claros, o que facilita o processo de aprendizagem e as interações sociais da criança (Böing, Crepaldi, 2016).
Bruce Perry (2021), em seus estudos, destaca a necessidade dos filhos por afeto, aceitação, e a presença dos pais. Ele reforça a importância de experiências intergeracionais, ou seja, o contato da criança com pessoas de diferentes gerações, que proporcionam momentos de tranquilidade e amor com limites. Perry ressalta que o sucesso na criação de filhos depende da responsabilidade dos pais em fornecer um ambiente acolhedor, amoroso e seguro, onde o cuidado é consistente e os limites são claros (Perry, 2021).
O autor também aponta que muitos pais acabam repetindo, de forma inconsciente, padrões familiares herdados, o que pode resultar em reações desproporcionais com os filhos. Esses comportamentos muitas vezes estão enraizados em sentimentos mal resolvidos do passado, como desespero, solidão ou ciúme, que os pais podem não ter consciência. Isso torna difícil para os pais distinguirem entre o comportamento atual dos filhos e as sensações inconscientes que essas atitudes podem despertar (Perry, 2021).
Para fortalecer o vínculo parental, é necessário que os pais desenvolvam empatia e consigam compreender o que a criança está sentindo. Segundo o autor, mesmo que os pais não se lembrem de eventos passados que influenciam suas emoções, essas experiências existem e impactam o presente. Ter essa consciência pode ajudar os pais a melhorar o autoconhecimento e identificar os gatilhos emocionais que surgem na relação com os filhos, permitindo que ajam de maneira mais equilibrada e consciente (Perry, 2021).
Os tipos de apego, conforme descritos por John Bowlby e Mary Ainsworth (1979), trazem o entendimento sobre as diferentes maneiras pelas quais pais e filhos se conectam. Existem quatro tipos principais de apego: seguro, evitativo, ambivalente e desorganizado. O apego seguro permite que a criança desenvolva confiança e independência, pois ela sente que pode contar com os pais quando necessário. Já o apego evitativo se caracteriza pela dificuldade da criança em confiar nos outros, uma vez que suas necessidades emocionais não são consistentemente atendidas pelos cuidadores. O apego ambivalente reflete uma insegurança em relação à disponibilidade dos pais, o que resulta em uma criança que oscila entre proximidade e resistência. Por fim, o apego desorganizado ocorre quando a criança não consegue prever o comportamento dos pais, levando a uma confusão emocional e dificultando a formação de relacionamentos estáveis no futuro. Cada um desses tipos de apego influencia diretamente a maneira como a criança se relacionará com o mundo ao longo da vida (Halperin; Carneiro, 2023).
Murray Bowen (1979), ao introduzir a teoria dos sistemas familiares, contribui com a ideia de que a família é um sistema interdependente, em que o comportamento de cada membro afeta os demais. O conceito de diferenciação do self é particularmente relevante para pais que desejam criar um ambiente saudável para seus filhos. Diferenciar-se significa ser capaz de separar suas próprias emoções das influências e expectativas da família de origem, o que é crucial para evitar a perpetuação de padrões negativos. Assim, pais que conseguem alcançar uma diferenciação adequada são mais capazes de oferecer um ambiente estável e seguro, permitindo que seus filhos cresçam de maneira equilibrada (Bowen, 1979).
1.3.1 Vínculo Afetivo e Apego
O vínculo afetivo entre pais e filhos é um dos aspectos mais fundamentais no desenvolvimento emocional e psicológico da criança. Desde os primeiros meses de vida, o vínculo que a criança estabelece com seus cuidadores influencia diretamente sua capacidade de confiar, explorar o mundo e desenvolver habilidades sociais. Esse vínculo, também conhecido como apego, define a qualidade das relações futuras da criança, influenciando não apenas a infância, mas também a adolescência e a vida adulta (Halperin; Carneiro, 2023).
A teoria do apego foi inicialmente desenvolvida por John Bowlby (1969), que descreveu o apego como uma ligação emocional profunda e duradoura que conecta a criança ao seu cuidador principal. Ele argumentou que o apego é uma necessidade biológica que surge nos primeiros meses de vida, com o objetivo de garantir a proteção e o cuidado da criança. Quando a criança se sente segura e amparada por seu cuidador, ela desenvolve um apego seguro, que serve como base para explorar o mundo de maneira confiante e para construir relações saudáveis ao longo da vida (Halperin; Carneiro, 2023).
Bowen (1979), por sua vez, complementa essa visão ao introduzir o conceito de diferenciação do self, que se refere à capacidade do indivíduo de manter sua autonomia emocional, mesmo em contextos de forte conexão afetiva. Para os pais, essa diferenciação é crucial para criar um ambiente onde a criança se sinta segura para se desenvolver, sem a imposição de expectativas ou medos transmitidos pelos cuidadores. O equilíbrio entre apego seguro e diferenciação é essencial para o desenvolvimento de relações saudáveis e equilibradas dentro da família (Halperin; Carneiro, 2023).
Existem diferentes tipos de apego que foram identificados a partir dos estudos de Bowlby (1969) e Mary Ainsworth (1978): o apego seguro, o apego evitativo, o apego ambivalente e o apego desorganizado. Cada um desses tipos de apego tem implicações distintas no desenvolvimento emocional e comportamental da criança.
O apego seguro ocorre quando os cuidadores são sensíveis, disponíveis e respondem consistentemente às necessidades emocionais e físicas da criança. Crianças com apego seguro sentem-se confortáveis em explorar o ambiente, pois sabem que podem contar com o cuidador em momentos de necessidade. Este tipo de apego está associado a um desenvolvimento emocional saudável, maior confiança, independência e habilidades sociais mais refinadas ao longo da vida (Halperin; Carneiro, 2023).
O apego evitativo surge quando os cuidadores são emocionalmente distantes ou não respondem de forma consistente às necessidades da criança. Como resultado, a criança pode aprender a suprimir suas emoções e a evitar buscar conforto nos momentos de angústia. Essas crianças geralmente têm dificuldade em estabelecer vínculos emocionais profundos e, ao longo do tempo, podem apresentar comportamentos de distanciamento em suas relações, tanto na infância quanto na vida adulta (Halperin; Carneiro, 2023).
O apego ambivalente é caracterizado por uma relação inconsistente entre o cuidador e a criança, onde o cuidador às vezes é sensível às necessidades da criança, mas em outros momentos é negligente. Isso faz com que a criança desenvolva uma sensação de insegurança e ansiedade em relação ao acesso ao afeto e ao cuidado. Crianças com apego ambivalente muitas vezes exibem comportamentos de dependência excessiva e ansiedade em relação às relações, temendo o abandono e a rejeição (Halperin; Carneiro, 2023).
O apego desorganizado é o tipo mais preocupante, geralmente decorrente de uma relação marcada por comportamentos imprevisíveis ou até mesmo abusivos por parte dos cuidadores. Crianças com esse tipo de apego não conseguem prever o comportamento dos pais e, por isso, podem apresentar comportamentos contraditórios, como medo ou confusão ao buscar conforto. Este tipo de apego está frequentemente associado a problemas comportamentais graves e dificuldades emocionais na infância e na vida adulta (Halperin; Carneiro, 2023).
Os tipos de apego moldam profundamente as habilidades sociais e emocionais da criança. O apego seguro oferece uma base sólida para que a criança se desenvolva com confiança, explore o mundo ao seu redor e forme relacionamentos saudáveis ao longo da vida. Por outro lado, os apegos inseguros (evitativo, ambivalente e desorganizado) podem prejudicar o desenvolvimento emocional da criança, levando a dificuldades nas interações sociais, ansiedade e problemas de confiança (Halperin; Carneiro, 2023).
Estudos mostram que o tipo de apego formado na infância tem implicações duradouras. Crianças que desenvolveram um apego seguro tendem a ser mais resilientes diante de adversidades, têm melhores habilidades para resolver conflitos e desenvolvem maior empatia. Já os tipos de apego inseguro podem gerar dificuldades em formar vínculos emocionais profundos, medo da intimidade e até mesmo dificuldades em estabelecer e manter relações amorosas e sociais estáveis na vida adulta (Becker e Crepaldi, 2019; Inbracer, 2021).
A construção de um apego seguro é diretamente influenciada pela qualidade das interações entre pais e filhos. A disponibilidade emocional, a capacidade de ouvir e responder às necessidades da criança e a criação de um ambiente previsível e estável são fundamentais para o desenvolvimento de um apego seguro. Pais que promovem um ambiente acolhedor e responsivo favorecem o desenvolvimento de uma criança emocionalmente equilibrada e autoconfiante, pronta para enfrentar os desafios que surgirão ao longo da vida (Becker e Crepaldi, 2019; Inbracer, 2021).
Dessa forma, compreender e fomentar o apego seguro é uma importante tarefa para a parentalidade, pois resulta diretamente no desenvolvimento emocional da criança e sua capacidade de estabelecer relações interpessoais saudáveis. Ao garantir um ambiente familiar seguro e responsivo, os pais não apenas promovem o bem-estar imediato da criança, mas também contribuem para seu desenvolvimento a longo prazo, moldando adultos mais autônomos, resilientes e emocionalmente estáveis (Halperin; Carneiro, 2023).
1.4 PARENTALIDADE
A temática sobre a criação de filhos tem sido objeto de inúmeras pesquisas nas últimas décadas, com produções científicas dedicadas ao estudo dos estilos e práticas parentais. O termo “parentalidade,” traduzido do francês parentalité, é um neologismo que passou a ser utilizado no Brasil a partir da década de 1980. De acordo com Houzel (2004), o termo foi inicialmente usado por Paul-Claude Racamier, no início da década de 1960, para enfatizar o caráter processual envolvido no exercício das funções dos pais em relação aos filhos (Gorin et al., 2015). Esse conceito tem se destacado no campo da psicologia, especialmente no que diz respeito às relações familiares ao longo do ciclo vital, em especial na criação de filhos pequenos. O nascimento de um bebê é uma ocasião única, sendo considerado um marco significativo na vida dos pais.
A chegada de um novo membro à família provoca uma revolução nas relações familiares, forçando os adultos a se adaptarem a uma nova realidade. Conforme destacado por Gorin et al. (2015), citando Lebovici (2004), o processo de se tornar pai ou mãe vai muito além das funções biológicas; ele é profundamente influenciado pelo contexto sociocultural, pela história de cada sujeito dentro de sua família de origem e pela subjetividade individual. Quando um bebê nasce, os pais são desafiados a reorganizar suas expectativas, medos e memórias de infância, além dos modelos paternos e maternos que internalizaram. Esse processo transforma não apenas a vida psíquica dos pais, mas também a dinâmica do casal, à medida que eles ajustam suas vidas para receber e cuidar do novo membro.
Nesse contexto, a parentalidade assume um papel fundamental no desenvolvimento infantil. Seja exercida por pais, mães ou outros cuidadores, a figura parental é uma influência determinante nos aspectos cognitivo, físico e social da criança. O processo de construção da parentalidade se inicia antes mesmo do nascimento e continua ao longo da vida da criança. Cabe destacar que esse processo não é limitado aos pais biológicos, podendo ser vivido por cuidadores que desenvolvem vínculos afetivos sólidos com a criança, contribuindo significativamente para sua formação subjetiva e o desenvolvimento saudável de sua vida psíquica (Benatti, 2018).
Ferreira, Escudeiro e Sesso (2023) reforçam que o processo de se tornar pai ou mãe deve considerar os vínculos afetivos precoces, os quais são essenciais no processo de subjetivação da criança e no desenvolvimento da vida emocional do bebê. Laços afetivos e parentais sólidos criam a base para uma parentalidade equilibrada e promotora de um ambiente emocionalmente saudável.
A parentalidade vai além das responsabilidades biológicas de criação e envolve também aspectos emocionais e psicológicos que moldam o comportamento e a interação entre pais e filhos. Baumrind (1967) classificou os estilos parentais em frequentemente classificados em autoritário, permissivo, negligente e autoritativo, cada um influenciando o desenvolvimento da criança de formas distintas. O estilo autoritativo, considerado o mais equilibrado, estabelece limites claros, mas permite diálogo e afeto, criando um ambiente seguro para o desenvolvimento da autonomia e da autoestima da criança.
O estilo parental autoritário é caracterizado por um alto nível de controle e exigência, com pouca ou nenhuma flexibilidade em relação às regras impostas. Os pais que adotam esse estilo esperam obediência absoluta e têm pouca abertura para o diálogo. A disciplina é rígida e frequentemente punitiva, com ênfase na conformidade e no respeito à autoridade. Esse estilo geralmente se baseia na crença de que as crianças devem ser moldadas por seus pais e que a obediência é o principal valor a ser cultivado. As consequências desse estilo no desenvolvimento infantil podem ser variadas. Embora as crianças criadas em um ambiente autoritário tendam a ser obedientes e a cumprir as regras, elas também podem desenvolver baixa autoestima, problemas com a tomada de decisões e dificuldades em expressar suas próprias opiniões. Isso ocorre porque, em um ambiente onde o diálogo é limitado, as crianças não têm oportunidade de desenvolver habilidades de autonomia e autoconfiança (Lawrenz et al., 2020).
O estilo parental permissivo é quase o oposto do autoritário. Pais permissivos tendem a ser indulgentes e evitam impor limites rígidos ou regras claras. Eles são muito afetuosos e permitem que as crianças tomem a maioria das decisões por conta própria, mesmo quando isso pode não ser apropriado para sua idade ou maturidade. Embora ofereçam apoio emocional e carinho, esses pais não estabelecem diretrizes consistentes para o comportamento, e a disciplina é frequentemente ausente ou inconsistente. No que diz respeito ao desenvolvimento infantil, o estilo permissivo pode resultar em crianças que têm dificuldades com o autocontrole, respeito às regras e limites, e podem ser mais impulsivas ou dependentes dos outros. A falta de estrutura e orientação pode prejudicar a capacidade da criança de lidar com frustrações, levando a problemas de comportamento e dificuldade em respeitar normas e expectativas sociais. Por outro lado, a forte ligação afetiva com os pais pode ajudar a desenvolver uma boa autoestima, mas sem o equilíbrio necessário de limites claros, o desenvolvimento da responsabilidade pode ser comprometido (Lawrenz et al., 2020).
O estilo parental negligente, também chamado de descomprometido ou indiferente, é marcado pela falta de envolvimento emocional e físico dos pais na vida da criança. Pais negligentes não oferecem apoio emocional e, ao mesmo tempo, não estabelecem limites ou regras para orientar o comportamento da criança. Essa ausência pode ocorrer por várias razões, como sobrecarga de trabalho, problemas pessoais ou falta de interesse, mas o efeito é sempre prejudicial para o desenvolvimento da criança (Lawrenz et al., 2020).
A educação respeitosa surge como uma abordagem moderna à parentalidade, baseada no respeito mútuo e na empatia. Essa prática enfatiza a necessidade de os pais atenderem às demandas emocionais e cognitivas das crianças de maneira sensível, evitando métodos coercitivos. O desenvolvimento de laços afetivos seguros, juntamente com a diferenciação do self dos pais, ou seja, a capacidade de se desligarem das influências negativas da família de origem, permite a construção de uma parentalidade mais consciente e saudável (Santos; Brand, 2024).
Dessa forma, a parentalidade não se limita ao ato de cuidar fisicamente da criança. Ela envolve a criação de um ambiente emocionalmente estável, em que a criança pode se desenvolver social, emocional e cognitivamente. O sucesso da parentalidade depende da habilidade dos pais de equilibrar afeto, disciplina e a promoção da autonomia infantil, sempre atentos às necessidades e ao desenvolvimento emocional de seus filhos (Santos; Brand, 2024).
1.4.1 Desafios da Parentalidade Moderna
A parentalidade no contexto contemporâneo apresenta desafios que vão além das preocupações tradicionais relacionadas à educação e ao cuidado de filhos. Segundo Ferrari e Ribeiro (2020), os pais enfrentam uma sobrecarga de demandas emocionais, sociais e econômicas, exacerbada pelo ritmo acelerado da vida moderna e pela pressão para equilibrar responsabilidades profissionais e familiares. Além disso, a crescente influência da tecnologia e das redes sociais nas dinâmicas familiares torna o processo de criação de filhos mais complexo e desgastante, comparado às gerações anteriores.
Um dos principais desafios da parentalidade atual é equilibrar trabalho e vida familiar. Com a participação crescente de ambos os pais no mercado de trabalho, torna-se essencial dividir o tempo entre responsabilidades profissionais e as necessidades emocionais e práticas das crianças. Isso, conforme Ferrari e Ribeiro (2020), muitas vezes gera um sentimento de culpa, especialmente quando o tempo dedicado ao trabalho interfere no tempo de qualidade com os filhos. Essa sobrecarga, agravada pela falta de flexibilidade nos horários de trabalho, tende a resultar em pais emocionalmente exaustos, o que impacta diretamente a qualidade das interações familiares e o ambiente doméstico.
Adicionalmente, Aquino et al. (2024) apontam que a pressão social também desempenha um papel significativo. A imagem idealizada da parentalidade promovida pelas redes sociais gera expectativas irreais sobre como as experiências familiares devem ocorrer, resultando em frustração e sensação de inadequação nos pais. Essas comparações constantes podem levar a um desgaste emocional, afetando a autoconfiança dos pais e sua capacidade de lidar com os desafios cotidianos da criação de filhos.
A tecnologia, por sua vez, exerce uma influência direta nas relações familiares. O uso constante de dispositivos eletrônicos por pais e filhos pode prejudicar a qualidade das interações e o estabelecimento de vínculos afetivos, como observado por Neumann e Missel (2019). Assim, a gestão adequada do tempo de tela e a criação de limites saudáveis são fundamentais para manter um ambiente familiar equilibrado, favorecendo interações mais significativas entre os membros da família.
Ferrari e Ribeiro (2020) destacam que a sobrecarga emocional é uma questão crítica para muitos pais, especialmente aqueles que não contam com uma rede de apoio. A falta de suporte familiar e social amplifica o estresse da parentalidade, contribuindo para o burnout parental, caracterizado pelo esgotamento físico e emocional. Esse esgotamento pode gerar distanciamento emocional e conflitos frequentes, afetando negativamente tanto os pais quanto os filhos.
No que diz respeito à educação e ao desenvolvimento infantil, Silva e Teixeira (2024) observam que as expectativas são cada vez mais elevadas. Os pais sentem a pressão de preparar adequadamente seus filhos para um futuro incerto, enfrentando um constante estado de alerta em meio a uma sobrecarga de informações sobre as melhores práticas educativas e de desenvolvimento. Nesse sentido, equilibrar a autonomia das crianças com uma supervisão adequada é um desafio contínuo. Silva e Teixeira (2024) reforçam a importância de estratégias eficazes para promover a independência das crianças, ao mesmo tempo em que os pais permanecem presentes para orientar e apoiar. A parentalidade contemporânea exige um equilíbrio delicado entre atender às demandas externas e proporcionar um ambiente familiar emocionalmente saudável e seguro para as crianças.
É fundamental que os pais reconheçam e atendam às próprias necessidades emocionais. O autocuidado é essencial para que possam exercer sua parentalidade de maneira equilibrada e eficaz. Pais que cuidam de sua saúde mental e emocional são mais aptos a oferecer suporte emocional aos filhos e a manter um ambiente familiar positivo e estável (Trindade; Fonseca-Silva, 2021).
Com todo apanhado nota-se que a parentalidade moderna envolve desafios que transcendem aqueles enfrentados por gerações anteriores. Equilibrar o trabalho e a vida familiar, lidar com a pressão social, gerenciar a influência da tecnologia e enfrentar a sobrecarga emocional são questões que exigem atenção e suporte, tanto dos próprios pais quanto da sociedade em geral (Trindade; Fonseca-Silva, 2021).
1.5 EDUCAÇÃO RESPEITOSA
A educação respeitosa tem ganhado destaque nos debates sobre parentalidade moderna, posicionando-se como uma abordagem que prioriza o respeito mútuo e a empatia nas relações entre pais e filhos. Defendida por autores como Maya Eigenman, essa metodologia baseia-se na ideia de que a criança, apesar de sua imaturidade cognitiva e emocional, merece ser tratada com o mesmo respeito, dignidade e consideração que um adulto. Isso inclui o reconhecimento das necessidades emocionais da criança, a valorização de sua autonomia e a criação de um ambiente familiar seguro e acolhedor (Oliveira, 2023).
Essa proposta de educação traz um contraste em relação às abordagens parentais mais tradicionais, que muitas vezes se baseiam em controle e obediência. Em vez de focar em punições e recompensas para moldar o comportamento da criança, essa prática sugere que os pais devem construir um relacionamento baseado no diálogo, empatia e compreensão das necessidades e sentimentos da criança. Isso cria um ambiente em que a criança se sente valorizada e ouvida, o que promove seu desenvolvimento emocional e social de maneira saudável (Oliveira, 2023).
Essa abordagem não significa ausência de limites ou permissividade excessiva. Pelo contrário, a educação respeitosa envolve a definição clara de limites, mas esses limites são estabelecidos de forma colaborativa, sem castigar, respeitando o ritmo de desenvolvimento da criança e promovendo sua compreensão sobre as regras e responsabilidades. Assim, em vez de simplesmente impor regras, os pais explicam o porquê dessas normas e incentivam a criança a participar do processo de tomada de decisões dentro de suas capacidades, o que favorece o desenvolvimento da autonomia e do senso de responsabilidade (Beatriz, 2024).
Um dos pilares centrais da educação respeitosa é a escuta ativa, onde os pais dedicam tempo e atenção para entender o que a criança está expressando, seja por meio de palavras ou comportamentos. Esse tipo de comunicação aberta e sem julgamentos fortalece o vínculo afetivo entre pais e filhos e encoraja a criança a compartilhar seus sentimentos, medos e preocupações, o que, por sua vez, contribui para um maior equilíbrio emocional ao longo do desenvolvimento (Araujo, 2018).
Outro aspecto importante dessa abordagem é a validação emocional. Ao reconhecer e validar as emoções da criança, os pais ensinam que todos os sentimentos, sejam eles positivos ou negativos, são naturais e aceitáveis. Isso ajuda a criança a entender suas próprias emoções e a desenvolver habilidades de regulação emocional. Esse tipo de suporte emocional é importante, pois pesquisas mostram que crianças que crescem em ambientes emocionalmente seguros tendem a ser mais resilientes, empáticas e socialmente competentes (Oliveira, 2018).
A autora em estudo, uma das principais defensoras dessa abordagem, ressalta que a educação respeitosa promove uma relação horizontal entre pais e filhos, onde ambos são vistos como parceiros no processo de aprendizagem e desenvolvimento. Isso não significa que os pais percam sua autoridade, mas sim que essa autoridade é exercida de forma mais flexível e colaborativa, o que favorece o desenvolvimento de uma criança confiante e independente (Eigenman, 2022).
Assim, a educação respeitosa tem efeitos positivos de longo prazo, para a criança e para a dinâmica familiar como um todo. Crianças que crescem em um ambiente onde são tratadas com respeito e dignidade tendem a internalizar esses valores e replicá-los em suas interações sociais, o que contribui para a formação de indivíduos mais empáticos e conscientes de si e dos outros. Ao longo da vida, essas crianças demonstram maior capacidade de resolver conflitos de maneira construtiva e de manter relacionamentos saudáveis, em casa e fora dela. Portanto, essa modalidade se configura como uma alternativa poderosa para a parentalidade moderna, promovendo um ambiente familiar mais equilibrado e emocionalmente seguro. Ao focar na empatia, no respeito e no diálogo, essa abordagem fortalece o vínculo entre pais e filhos, e contribui para o desenvolvimento integral da criança, preparando-a para lidar de forma mais consciente e saudável com os desafios da vida (Eigenman, 2022).
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo buscou explorar as relações entre o ciclo vital familiar e a criação de filhos pequenos, com ênfase nas dificuldades enfrentadas pelos pais durante a transição para a parentalidade. A análise da literatura revelou que a fase de “Famílias com filhos pequenos,” descrita por Carter e McGoldrick, representa um momento crítico de reorganização e adaptação no sistema familiar. A chegada de um novo membro exige dos pais flexibilidade, autoconhecimento e a capacidade de ajustar suas dinâmicas familiares para acomodar as novas responsabilidades de cuidado e criação.
A transição para a parentalidade é uma etapa que altera as interações entre pais e filhos, e afeta profundamente as relações com a família de origem. A capacidade de se diferenciar emocionalmente das influências da família de origem, conforme descrito por Murray Bowen, mostrou-se importante para que os pais possam criar um ambiente equilibrado e evitar a transmissão de padrões disfuncionais de uma geração para outra. Essa diferenciação permite que os pais lidem com os desafios da parentalidade de forma mais consciente e saudável, reduzindo os efeitos não funcionais que as questões emocionais não resolvidas poderiam causar nas novas relações familiares.
Outro aspecto discutido foi o vínculo afetivo entre pais e filhos, que se desenvolve desde os primeiros momentos de vida. A teoria do apego, abordada durante o estudo, destaca que um apego seguro é relevante para o desenvolvimento emocional e social da criança. O estabelecimento desse vínculo de confiança e segurança facilita a adaptação da criança a novas situações, como o ambiente escolar, e proporciona uma base sólida para seu crescimento emocional. Quando os pais conseguem criar um ambiente de cuidado e atenção, onde as necessidades emocionais da criança são respondidas de maneira consistente, a criança desenvolve maior autonomia e autoestima, fundamentais para suas relações futuras.
Por outro lado, os riscos associados a um apego inseguro, seja ele evitativo, ambivalente ou desorganizado, podem levar a dificuldades emocionais e comportamentais, comprometendo o desenvolvimento saudável da criança. Essas dinâmicas são especialmente prejudiciais quando os pais, de forma inconsciente, repetem padrões herdados de sua própria criação, como apontado por Bruce Perry. A revisão indicou que muitos pais, sem se darem conta, projetam nas relações com seus filhos questões emocionais não resolvidas do passado, o que pode afetar negativamente o vínculo e o ambiente familiar.
A educação respeitosa, defendida por autores como Maya Eigenmann, emerge como uma abordagem contemporânea eficiente, ao promover o respeito mútuo entre pais e filhos. Essa abordagem, baseada na empatia e no diálogo, oferece uma alternativa equilibrada para a criação de filhos, permitindo que os pais estabeleçam limites de maneira clara, mas ao mesmo tempo respeitosa e atenta às necessidades emocionais das crianças. Essa prática favorece o desenvolvimento emocional saudável e a construção de vínculos familiares mais fortes e harmoniosos.
A revisão de literatura permitiu evidenciar que a criação de filhos pequenos é um processo que envolve múltiplas dimensões, desde a adaptação estrutural da família até o estabelecimento de vínculos afetivos e a escolha de práticas parentais equilibradas. A fase de aquisição no ciclo vital familiar exige dos pais habilidades emocionais e relacionais, além de um ambiente acolhedor e seguro para garantir o desenvolvimento saudável das crianças. Pais que conseguem refletir sobre suas próprias experiências familiares e adotar práticas de cuidado baseadas no respeito e na empatia têm mais chances de formar vínculos afetivos saudáveis e promover um ambiente familiar estável e propício para o crescimento emocional de seus filhos.
A limitação deste estudo reside na natureza teórica da abordagem, que se baseia em revisões de literatura e conceitos já estabelecidos. Não foram realizadas análises empíricas diretas, o que sugere a necessidade de futuras investigações que utilizem metodologias quantitativas e qualitativas para explorar como essas dinâmicas familiares e práticas parentais se manifestam em contextos reais. Estudos empíricos poderiam ilustrar de maneira mais detalhada os desafios enfrentados pelas famílias, bem como avaliar a eficácia das estratégias parentais discutidas neste artigo.
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[1] Acadêmica de Psicologia. E-mail: gabriella.martineli@gmail.com
[2] Acadêmica de Psicologia. E-mail: leticia.milhomem2008@gmail.com
[3] Bacharel em Psicologia (2019), pós-graduada em Cuidados Paliativos (2022). Docente na UNINASSAU de Palmas. Experiência em Psicologia Hospitalar, em unidades de internação e de terapia intensiva Adulto e Neonatal. Atualmente atua na Psicologia clínica, com ênfase na abordagem Sistêmica, e é credenciada como prestadora de serviços para o Tribunal de Justiça do Estado do Tocantins – TJTO.
[4] Uma família equilibrada é aquela que se adapta ao longo do tempo, respondendo de forma saudável às mudanças do ciclo de vida e às necessidades emocionais de seus membros (Carter; McGoldrick, 1995).
[5] Homeostase é o estado de equilíbrio em um sistema familiar, onde as interações entre membros mantêm uma estabilidade, mesmo que esta seja disfuncional (Carter; McGoldrick, 1995).
[6] Segundo Murray Bowen (1979), triangulação ocorre quando um terceiro elemento, como outra pessoa ou atividade, é envolvido na dinâmica de uma relação para reduzir a tensão entre duas pessoas, geralmente em um sistema familiar.